Edmundo inventa o mundo

Autor: Valmor Bordin

Se há séculos os contos de fadas têm seu João e o Pé de Feijão, a partir de agora a literatura infantil contemporânea pode dar boas-vindas ao seu Edmundo Inventa o Mundo. Mas além da rima do título e o feijão como pano de fundo, as obras têm pouco em comum. Enquanto a primeira – com origem inglesa e datada do século 19 – traz acontecimentos extraordinários, vilões assustadores e uma moral bastante controversa, em seu primeiro livro para crianças Valmor Bordin opta pela leveza e pela realidade presente na natureza para contar a sua história. E o resultado é uma aventura sensível e cheia de originalidade, tendo como ponto de partida o nascimento de um grão de feijão, desde os primeiros momentos ainda na barriga da mãe até a descoberta da imensidão do mundo e de todo um futuro pela frente. Com um estilo próprio, a ilustradora Ivana Tissot capta esse espírito dando vida aos cenários e personagens através de uma estética que remete à sustentabilidade, mesclando arte digital a texturas, estampas e formas geométricas que lembram elementos recicláveis e artesanais como o jornal, a madeira e os retalhos de tecido. O jogo entre cores fortes e tons pastéis transmite a serenidade que o texto exige, enquanto as criativas molduras e símbolos que acompanham os desenhos ajudam no desenrolar da trama. Na apresentação, a professora do curso de Letras da UPF Neusa Rocha condensa o espírito da obra e eleva ainda mais sua importância. No entanto, a história contada e ilustrada em Edmundo Inventa o Mundo é apenas o convite inicial para uma longa jornada, como explica o próprio autor quando diz que é preciso captar o que está além das palavras. Ao humanizar figuras da natureza como o grão, a gota d’água e o sábio pé de feijão, Bordin propõe uma série de reflexões sobre a vida, entre elas a importância da família, o respeito às origens, o papel de cada ser no mundo, a igualdade e a autoaceitação, o medo da novidade e o prazer da descoberta, o amadurecimento, a grandeza do futuro e o poder de escolher o próprio destino. Ensinamentos guardados no livro como o feijão no algodão: bastam algumas gotas d’água e a curiosidade de uma criança para a mágica se revelar.

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