Laranja, Vinho e Chocolate

Autor: Maria Helena Rodrigues

Se a vida é como um livro que nos conduz a um inexplicável – e, por vezes irrisório –, princípio, meio e fim, as histórias de Mariana são como páginas que nos remetem a este mesmo ciclo, mas sem a pretensão de idealizar a persona feminina, tampouco de imortalizar uma mulher combativa ou perfeccionista na essência. Ora! Mariana nada mais é do que uma mulher-comum. Erra mais do que acerta, age mais do que pensa e, no fim das contas, aprende a amar-se mais do que outrora amou a todos. Talvez a acusaríamos de incomum, nas vias de fato. Egoísta? Apenas improvável. Uma personagem que ousa desejar mais de sua "estada na Terra", torna-se tão inverossímil quanto óbvia. Ou estamos tratando de uma anti-heroína munida de super-poderes? É que falar de Mariana é falar de contradições, é falar de um pouco de todos, e de todos um pouco. Ela não é o espelho no qual pretendemos nos refletir, nem o caminho através do qual ansiamos por seguir. Mas nos seduz, nos instiga a querer algo que sequer compreendemos. Provocativa? Um pouco. Provocante? Muito. Mariana é, simultaneamente, um modelo do que gostaríamos de ser ou, definitivamente, não deveríamos nos tornar. Explico-me! Mariana é diferente, pois é igual a cada um de nós: despretensiosamente cômica e descomplicadamente real. Palmas para Mariana. Se não lhe foi dada a aptidão para as melhores escolhas, ao menos lhe foi concedida a virtude para que risse de sua própria desgraça, de sua própria graça. Do seu destino, por assim dizer. Aliás, que atire a primeira pedra quem nunca se rendeu às delícias do vinho, da laranja e do chocolate.

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