Olhar do Cotidiano

Autor: Cris Lavratti

Sim, somos seres inquietos e insatisfeitos, para quem parece que a vida, aquela que nos aguarda, será cheia de surpresas, euforias e liberdades. Eu te desafio a pensar na alegria enquanto lugar comum: alegria na padaria, na consulta médica na dívida e na dúvida. Porque esperar pelo êxtase é perdê-lo todos os dias. Acredito na epifania do cotidiano, e por isso considero um presente falar sobre esse livro que está diante dos teus olhos. Cris Lavratti tem uma tendência que me comove: a capacidade de ver o lado belo das coisas, da singeleza, da fragilidade, do medo, da dúvida e até da própria felicidade, que para ela jamais é óbvia. O cotidiano aqui retratado não é simplesmente obra do dia a dia e também não é comum, ao contrário do que o nome possa parecer. Porque o extraordinário reside justamente no cotidiano. Tudo construido através de uma escrita fortemente feminina, no conceito mais amplo da palavra. O universo feminino grita alto, mas visitando com tranquilidade as inquietações que são universais a todo ser humano que se dispõe a pensar e sentir. Arrisco comparar o cotidiano a um amor, que ora pode surpreender-nos e trazer flores, nos encantar, nos tirar para dançar, e ora pode nos deixar na mão, esperando uma ligação prometida que jamais virá, ou até nos traindo pelas costas. Mas é justamente por essa espera, dúvida e desejo que nós amamos, os seres e o cotidiano. Então, ouse correr o risco de se aventurar nessas histórias e sensações que aqui seguem, e deixe o cotidiano da Cris te tirar para dançar. Essas crônicas nos convidam a viver exatamente cada prazer e cada dor que ele pode nos trazer, porque o cotidiano é como a própria vida: breve, crônica e inebriante. (A embriaguez de um olhar, por Luciane Slomka)

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